Não se sai de árvore por meio de árvore

Assunto: Lançamento de livro

Caros amigos,

Eis um livro, uma árvore…que habitou o espaço da Cas’a’screver e agora se abre para fora de si.

Leio assim esse livro: “tomar o partido das coisas = levar em consideração as palavras”. Leio com Paula Vaz, em conversa infinita com Frances Ponge, que
arvorecer demora…desloca-se entre a quimera de um dizer verdadeiro e a fulgurância do seu movimento. Arvorecer demora e, então, somos aspirados para o barro ou a lama do poema. Nesse lugar, os corpos, os telhados, a copa das árvores, o pensamento extenso, a língua, a palavra ofertada, são cristais cintilando no espaço de um silêncio tornado vivo.
Em nome de poeta, em nome de poema, recolhemos, ainda antes do amanhecer, o conhecimento vegetal que Paula nos oferece: Não se sai de árvores por meios de árvores.

Que o nome de poeta, nome de poema, continue arvorecendo nas mãos que sabem que a melhor medida é o rés, a matéria da palavra em estado de larva, o cristal do nome, sua medida vegetal, pedregulho mais brilhante do que o céu.

Arvorecer demora…celebremos, então…

Venham!

Abraços,

Janaina de Paula

Paula-Vaz-Foto-Pat-Manata-2-990x421

Paula Vaz lança livro “Deserto”

ESCRITORA PAULA VAZ LANÇA O LIVRO “DESERTO”, UM ROMANCE EM FORMA DE POEMA

AUTORA CONVIDA O LEITOR A ATRAVESSAR SEUS PRÓPRIOS DESERTOS NA NOVA OBRA

A escritora e psicanalista Paula Vaz acaba de lançar seu terceiro livro. Intitulada “Deserto” (C’asa edições), a publicação é um grande poema sobre os desertos que atravessam o ser humano, uma tentativa de costurar palavras e sentimentos que decodifiquem as tempestades e a aridez dessa travessia.

Paula buscou nos livros da escritora, ensaísta e acadêmica Lucia Castello Branco versos e expressões para desenhar seu mosaico. “É muito o que faço como leitora e como alguém que escreve. Faço falar as coisas, os autores que amo, e, por meio desse processo, faço falar a mim mesma”, elucida. Títulos como “Contos de Amor e Não”, “Nunca Mais” e “O Amor Não Vazará Meus Olhos” serviram como um grande dicionário para a escritora.

A obra teve a aval de Lucia Castello Branco. “As palavras não são minhas, são completamente suas”, foi o que Paula ouviu da escritora que, além de ser fio condutor, assina o posfácio do livro. Nele, Lucia traça o caminho percorrido por Paula em suas duas primeiras obras até desaguar em “Deserto”.

“Sou uma menina no areal. Não, não é o deserto ainda. São dunas, areias do mar. Olho para o mar com nostalgia, porque sei que vou perdê-lo. Ninguém me disse isso, mas eu sempre soube”. Este é um dos trechos que dá o tom da obra, escrita em apenas um dia e uma madrugada. “Foi um processo interessante porque toda experiência do deserto emudece. Deserto é justamente isso, a falta de palavras quando se depara com essa vastidão sem nome. E ao terminar de escrever, tive a sensação de que falei tudo o que precisava”, conta.

Um livro que pode, também, ser considerado um romance. Pequeno, mas intenso, ele faz parte da coleção “Livros Mínimos”, da Cas’a’screver. O processo contou com curadoria e edição de Janaina de Paula, e da arquiteta, tradutora e escritora Camila Morais. Os desenhos são de Julia Panadés, professora da Escola Guignard da Universidade do Estado de Minas Gerais, e o projeto gráfico é assinado por Fernanda Gontijo.


SOBRE A AUTORA:

Paula Vaz é psicanalista, escritora e poeta. Autora dos livros: “Não se sai de árvore por meios de árvore” e “A outra língua: o amor”.

pv

Escritora e psicanalista Paula Vaz lança o livro “A Outra Língua: Amor”

ESCRITORA PAULA VAZ LANÇA O LIVRO “A OUTRA LÍNGUA: AMOR” NA LIVRARIA SCRIPTUM, DIA 5 DE NOVEMBRO

PSICANALISTA DISCORRE SOBRE A LINGUAGEM DO AMOR

No dia 5 de novembro, às 11h30, a escritora e psicanalista Paula Vaz lança o livro A Outra Língua: Amor, na Livraria Scriptum. Publicada pela editora cas’a’screver, a obra tem desenhos da artista plástica Julia Panadés, projeto gráfico de Daniella Domingues, revisão de Alice Bedê e Mariza Labanca e edição de Janaina de Paula.

Em um tempo de liberdade desmedida, em que o homem tem opinião formada sobre tudo, as pessoas se comportam como jogadores de times rivais. No entanto, “usamos palavras demais, mas nunca parecemos tão mudos como as carpas e os pedregulhos”, comenta Paula Vaz. “Se as pessoas aceitam o outro somente na medida em que portam opiniões iguais, é sinal de que o mundo está se tornando cada vez mais intolerante com a diferença. E o que tudo isso tem a ver com o amor?”, pergunta. A conclusão da autora é que a linguagem comum, aquela em que as pessoas compartilham imediatamente o que lhes vem à mente na ilusão de poderem tudo dizer, esgotou-se.

É preciso outra língua. Não se pode ser ouvido em linguagem comum. Para a escritora só vale a pena escrever sobre aquilo que não se pode falar. “Se não podemos dizer, não é por pudor, mas por uma incapacidade estrutural da língua comum de expressar o que carregamos de mais singular em nós”, diz. E como sair do saco sem fundo das “palavras acostumadas”?

Para Paula Vaz, não se sai do homem por meios do homem, é preciso ser chacoalhado pelo amor. Apenas o amor se transmite. Isso vale para a psicanálise, para a poesia e para a vida.  “O amor aqui ganha amplidão. Não se trata dos relacionamentos. O amor é tratado na sua mais radical solidão. Um ser que ama o mundo é um ser que experimentou o gosto de assumir a sua diferença. Cada ser que um dia foi ouvido em sua singularidade, torna-se uma esperança. O amor é o poder de ouvir o outro além das próprias convicções. Escutar a singularidade de cada objeto, seja ele qual for, requer um imenso trabalho de esvaziar-se de si.”, comenta.

Amar é ser um instrumento de corda para a escritora, ou qualquer outro instrumento meio oco que permite ao outro e às coisas ouvirem a própria voz. “Os instrumentos de corda, as paredes de uma capela, os ecos que ouvimos se ousamos gritar numa floresta de pinheiros, as pessoas que passam por uma análise, os artistas que se ausentam de si para doar à obra (e ao mundo) o que lhes é mais sonoro, é disso que estamos falando. Porque o som, esse que sai do fundo da garganta dos homens, esse som mudo e, no entanto, imperativo, custa a achar uma via por onde possa sair e falar. E quando fala, ele já não fala mais, canta. Porque toda caixa de ressonância é motivo de música”, conclui. Nesse sentido, o amor talvez seja isso: “quase música”.


Paula Vaz é psicanalista, escritora e poeta. Autora do ensaio poético Não se sai de árvore por meios de árvore e de Ponge-Poesia.

SERVIÇO:

Lançamento do livro “Outra Língua: Amor”, de Paula Vaz
Data/horário: 5 de novembro, às 11h30.
Local: Livraria Scriptum (R. Fernandes Tourinho, 99 – Savassi)
Valor do livro: R$ 40,00

2018-deserto

Deserto

Deserto é um poema que aborda os encontros e seus percalços. Do arrebatamento à devastação amorosa e o que daí renasce.

O-REINO-ANIMAL-DA-POESIA

O reino animal da poesia

Depois das árvores de Francis Ponge, reino vegetal da poesia, Paula Vaz toma agora o partido dos animais . É preciso ouvir o que já não fala mais.

escritora-paula-vaz-olha-para-a-camera_1_44993

Paula Vaz e Marcelo Ariel promovem noite dupla de autógrafos na Quixote

Lançamento duplo vai reunir a escritora e psicanalista Paula Vaz e o poeta e filósofo Marcelo Ariel, nesta quarta-feira (7/12) à noite, na Quixote. Ela autografa “O reino animal da poesia” (Cas’a Edições); ele, “22 clareiras e um abismo” (Letra Selvagem). Recorrendo a símbolos distintos, ambas as obras estão situadas no cruzamento de poesia e ensaio, segundo os autores.

Marcelo e Paula se conhecem desde meados da década passada (ele assina a orelha do livro dela) e entendem a escrita poética como uma espécie de pesquisa.

Sucessor de “Não se sai da árvore por meios de árvore, Ponge-Poesia” (2014), “A outra língua: amor” (2016) e “Deserto” (2018), “O reino animal da poesia” se vale dos bichos como veículo para expressar o que está além do humano, aponta Paula Vaz.

Voo e enigma

A autora diz que escreveu o novo livro impactada pelo atual contexto do Brasil e do mundo. “A linguagem humana é coberta por narrativas, filtros, impressões. Senti necessidade de ir além, como se precisasse ouvir o que uiva, o que ruge, o que voa, o que tanto mata quanto copula, o que rasga o sentido das coisas, o que planta de volta o enigma”, diz ela.

De acordo com a autora, “O reino animal da poesia” se relaciona com as possibilidades entre o humano e o inumano.

“Quanto mais humanos achamos que somos e mais afastados deste animal que também somos, mais reagimos ao mundo raivosamente, reativamente. Por outro lado, se não podemos ter um humanismo cândido, é porque não podemos domar a pulsão. Ela insiste, fica de fora do simbólico, mas tem fome, tem sede. Então, preciso alimentá-la de alguma maneira”, pontua.

A poesia acolhe essa pulsão sem reprimi-la, acredita Paula. A forma como os animais se expressam vai além do racional e, em certa medida, a poesia também é assim, posto que não se apresenta como a linguagem humana cotidiana, afirma a escritora.

“Eu estava às voltas com a questão da razão, como se ela não fosse mesmo suficiente para dar conta da existência humana. As leis do universo também são apreendidas por ressonância. É preciso ouvir o animal em nós, com seu olhar doce, sua delicadeza, sua violência, sua fome e sua busca por alimento”, aponta.

O novo livro dá continuidade à “pesquisa de sentimento” que Paula desenvolve desde sua estreia literária.

“Começo no reino vegetal, passo pela outra língua, que é o amor, depois pelo deserto e agora chego ao reino animal da poesia. O livro dá continuidade aos anteriores. Minha poesia é também uma espécie de ensaio sobre a escrita, sobre a vida, então os livros se comunicam”, ressalta.

Poema-ensaio e tarô

A mesma instância algo metafísica atravessa o livro de Marcelo Ariel. “22 clareiras e 1 abismo” propõe, por meio do poema-ensaio, uma análise filosófica e política da situação da humanidade hoje, explica o autor.

A obra é um tratado de simbologia que se vale dos arcanos maiores do tarô, o que deriva do estudo sobre as “metáforas originárias”, detalha.

símbolos Interessado em descobrir a linguagem dos símbolos, Marcelo chegou ao tarô, cujas origens remontam à obra do autor italiano Francesco Petrarca (1304-1374).

“É um símbolo que atravessa as bolhas da cultura, pode ser encontrado no cinema, nas artes plásticas, na literatura. Jung descobriu no tarô a síntese arquetípica da humanidade, por isso me interessei por ele”, diz.

O novo livro, com cerca de 60 páginas, reflete essa busca. “A síntese é um atributo do pensamento do devir, do futuro. Penso que estamos condenados à síntese, à improvisação e à mistura. Meu livro adere ao hibridismo e às mutações, abarca várias categorias do saber”, aponta.

Marcelo Ariel destaca que a mistura de poesia e filosofia atravessa toda sua obra, chegando de forma exacerbada a “22 clareiras e 1 abismo”.

“Busquei tensionar ao máximo a metáfora e a analogia, o que leva à exposição mais nítida e mais profunda do pensamento que há no poema”, sublinha.

PAULA VAZ E MARCELO ARIEL

• Lançamento dos livros “O reino animal da poesia” e “22 clareiras e 1 abismo”.
• Nesta quarta-feira (7/12), das 18h às 21h, na Livraria Quixote (Rua Fernandes Tourinho, 274, Savassi).

Ramon Lisboa

Reino Vegetal da Poesia

Carlos Herculano Lopes

Formada em psicologia pela PUC Minas, com especialização em psicanálise e uma velha paixão pela escrita, que começou a exercitar ainda na adolescência, porque “se sentia muito sozinha”, Paula Vaz faz sua estreia na literatura com Não se sai de árvore por meios de árvore. Foi uma tarefa difícil à qual a autora se lançou: colher fragmentos de escritos do poeta francês Francis Ponge em momentos diversos de sua obra; em seguida, recortá-los e depois criar em cima outro texto.

“O que está em itálico são palavras do poeta editadas dessa forma. Depois de cada sessão, introduzida dessa maneira atávica, escrevo com minhas palavras uma leitura da escritura de Ponge. Palavras que, por ora, carregam os significados do poeta que já fazem parte de mim”, afirma Paula.

Apesar da complexidade do método, a escritora deu conta do recado, como atestam os textos de apresentação assinados por Ruth Silviano Brandão e Lúcia Castello Branco, professoras de literatura da UFMG. Para Lúcia, Paula Vaz já habitava o “reino vegetal” quando encontrou Ponge. “Parece-me que foi a seu lado que ela descobriu a comunidade vegetal com que viria, mais tarde, a conviver. Foi também com ele, parece-me, que ela pôde experimentar, no exercício de sua escrita, a matéria lenhosa da língua. Embora ela já a conhecesse – de ouvido, talvez –, em sua prática da psicanálise”, afirma.

Nascida em Belo Horizonte em 1973, Paula Vaz, que transita sem maiores problemas entre a escrita e a psicanálise – “uma função acaba complementando a outra” –, conta ter tomado conhecimento da obra de Francis Ponge há algum tempo, quando leu o livro Métodos, no qual o poeta vem a público falar sobre seu processo criativo. Depois foi a vez de O partido das coisas. E não parou mais. “Para mim, o impacto dessas leituras foi marcante. Foi como se tivesse me encontrado com o meu próprio pensamento”, diz a escritora.

Viva voz

Para uma melhor compreensão do seu trabalho, Paula resolveu dividir o livro em três partes. A primeira ganhou o nome de Objeto em jogo e é sobre Francis Ponge, considerada por Paula “a razão de ser do livro”. Na segunda parte, Canteiro de obra, a escritora fala do próprio processo criativo, ou “a poesia como um fazer que se assemelha ao trabalho de um artesão”. Para, finalmente, em O reino vegetal, discorrer sobre os estados do ser, nos quais todos estamos inseridos.

O livro traz ainda um CD que reproduz textos e fragmentos lidos pela autora no programa Migalhas literárias, veiculado pela Rádio UFMG Educativa, além de uma série de fotografias feitas por ela em suas viagens pelo mundo. Paula conta ainda que já está em processo de criação do segundo livro, Atire a primeira pedra neste velho coração cansado. “Estou gostando dessa nova experiência e escrevendo com muita paixão”, diz.